sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Helicóptero de politico lotado de cocaína



O advogado Nicácio Tiradentes, que defende o piloto Rogério Almeida Antunes, rebateu a acusação de que seu cliente teria roubado a aeronave da empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG), para fazer transporte de drogas.
Antunes foi preso no último domingo (24) em uma fazenda no interior do Espírito Santo enquanto transportava mais de 400 kg de cocaína em um helicóptero da família Perrella. Ele era funcionário da empresa Limeira Agropecuária, da qual o deputado é sócio.

O advogado disse que seu cliente recebeu uma oferta para fazer um frete e ligou para o deputado para pedir autorização para o serviço, já que o helicóptero pertence à empresa de Perrella. Mas disse seu cliente não sabia que se tratava de droga.
"O deputado não poderia dizer que o meu cliente é ladrão", disse o advogado. "Ele [Antunes] pediu autorização [para fazer o transporte], o deputado autorizou, ele veio normalmente, pegou lá a droga pensando que eram implementos agrícolas".
Perrella havia afirmado, na segunda-feira (25), que não sabia que o piloto faria a viagem e que trataria o caso como roubo da aeronave. "O piloto não tinha autorização de voo da minha parte ou de qualquer membro da minha família, tratamos o assunto como roubo da aeronave por parte dele", disse o deputado ontem.
O advogado Tiradentes disse à Folha que a indicação do frete foi feita pelo copiloto, que estava na aeronave e também foi preso. "O copiloto é quem organizou, que indicou para ele: 'Olha, vamos fazer isso aqui, nós vamos levar isso aqui'. Ele jamais imaginava que tinha drogas lá dentro", disse Tiradentes.
"Ninguém sabia que era droga. [...] Ele só soube que era droga quando os traficantes abriram os pacotes. Ele ficou desesperado, e logo em seguida a Polícia Federal também chegou."
Segundo o advogado, a origem da carga é de São Paulo, mas ele não soube precisar qual cidade.

'APROPRIAÇÃO INDÉBITA'
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que trabalha para o deputado Perrella, disse que seu cliente se enganou ao usar a palavra "roubo" e que, na verdade, quis dizer que houve "apropriação indébita" de sua aeronave.
"Na verdade, não é roubo, é uma apropriação indébita. Ele [o piloto] se apropriou indevidamente [da aeronave] porque falou que ia fazer um frete e foi para outro Estado fazer tráfico de drogas. É crime do mesmo jeito", disse Kakay à Folha.
Kakay confirmou que Perrella recebeu duas ligações e um SMS em que o piloto disse ter conseguido um frete por R$ 12 mil para o helicóptero de sua empresa, mas nega que o deputado soubesse que se tratava de tráfico de drogas. "Ele respondeu o SMS com um 'ok'", disse Kakay.
Segundo o advogado, Perrella não desconfiou do frete porque os serviços são uma espécie de "bico" para ajudar a pagar as despesas da aeronave. "É normal fazer isso", disse.

Kakay também negou a versão de que o deputado acreditava que a carga seria de insumos agrícolas. Segundo o advogado, Perrella achava que o frete se tratava de táxi aéreo, porque o helicóptero seria apropriado para transporte de cargas.

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