Ela defende a raça tucana. Reportagem
aponta que nos governos de Geraldo Alckmin, mas também de José Serra e
Mario Covas, cerca de US$ 50 milhões teriam sido desviados das obras do
metrô; denúncia da Siemens, que decidiu colaborar com a Justiça, lança
luzes sobre o esquema; Alckmin será, agora, alvo de ação de improbidade
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Uma denúncia feita pela multinacional alemã Siemens, que acusou formação
de cartel nas obras do metrô, em São Paulo, e decidiu colaborar com a
Justiça, poderá trazer sérias complicações ao governador Geraldo
Alckmin. De acordo com reportagem da revista Istoé, publicada neste fim
de semana, foi montado um "propinoduto" relacionado às obras do metrô,
que teria desviado US$ 50 milhões nos governos de Alckmin, mas também de
José Serra e Mario Covas. Alckmin será, inclusive, alvo de uma ação de
improbidade. Leia, abaixo, a reportagem de Alan Rodrigues, Pedro
Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas: O esquema que saiu dos trilhos Um
propinoduto criado para desviar milhões das obras do Metrô e dos trens
metropolitanos foi montado durante os governos do PSDB em São Paulo.
Lobistas e autoridades ligadas aos tucanos operavam por meio de empresas
de fachada Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas
Ao assinar um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade), a multinacional alemã Siemens lançou luz sobre um milionário
propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em
São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens
metropolitanos. Em troca de imunidade civil e criminal para si e seus
executivos, a empresa revelou como ela e outras companhias se
articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações
públicas na área de transporte sobre trilhos. Para vencerem
concorrências, com preços superfaturados, para manutenção, aquisição de
trens, construção de linhas férreas e metrôs durante os governos tucanos
em São Paulo – confessaram os executivos da multinacional alemã –, os
empresários manipularam licitações e corromperam políticos e autoridades
ligadas ao PSDB e servidores públicos de alto escalão. O problema é que
a prática criminosa, que trafegou sem restrições pelas administrações
de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, já era alvo de
investigações, no Brasil e no Exterior, desde 2008 e nenhuma providência
foi tomada por nenhum governo tucano para que ela parasse. Pelo
contrário. Desde que foram feitas as primeras investigações, tanto na
Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer
licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O
Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens
relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a
Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em
contrapartida a contratos obtidos. Somente o MP de São Paulo abriu 15
inquéritos sobre o tema. Agora, diante deste novo fato, é possível
detalhar como age esta rede criminosa com conexões em paraísos fiscais e
que teria drenado, pelo menos, US$ 50 milhões do erário paulista para
abastecer o propinoduto tucano, segundo as investigações concluídas na
Europa. As provas oferecidas pela Siemens e por seus executivos ao Cade
são contundentes. Entre elas, consta um depoimento bombástico prestado
no Brasil em junho de 2008 por um funcionário da Siemens da Alemanha.
ISTOÉ teve acesso às sete páginas da denúncia. Nelas, o ex-funcionário,
que prestou depoimento voluntário ao Ministério Público, revela como
funciona o esquema de desvio de dinheiro dos cofres públicos e fornece
os nomes de autoridades e empresários que participavam da tramoia.
Segundo o ex-funcionário cujo nome é mantido em sigilo, após ganhar uma
licitação, a Siemens subcontratava uma empresa para simular os serviços
e, por meio dela, realizar o pagamento de propina. Foi o que aconteceu
em junho de 2002, durante o governo de Geraldo Alckmin, quando a empresa
alemã venceu o certame para manutenção preventiva de trens da série
3000 da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos). À
época, a Siemens subcontratou a MGE Transportes. De acordo com uma
planilha de pagamentos da Siemens obtida por ISTOÉ, a empresa alemã
pagou à MGE R$ 2,8 milhões até junho de 2006. Desse total, pelo menos R$
2,1 milhões foram sacados na boca do caixa por representantes da MGE
para serem distribuídos a políticos e diretores da CPTM, segundo a
denúncia. Para não deixar rastro da transação, os saques na boca do
caixa eram sempre inferiores a R$ 10 mil. Com isso, o Banco Central não
era notificado. “Durante muitos anos, a Siemens vem subornando
políticos, na sua maioria do PSDB, e diretores da CPTM. A MGE é
frequentemente utilizada pela Siemens para pagamento de propina. Nesse
caso, como de costume, a MGE ficou encarregada de pagar a propina de 5% à
diretoria da CPTM”, denunciou o depoente ao Ministério Público paulista
e ao ombudsman da empresa na Alemanha. Ainda de acordo com o
depoimento, estariam envolvidos no esquema o diretor da MGE, Ronaldo
Moriyama, segundo o delator “conhecido no mercado ferroviário por sua
agressividade quando se fala em subornar o pessoal do Metrô de SP e da
CPTM”, Carlos Freyze David e Décio Tambelli, respectivamente
ex-presidente e ex-diretor do Metrô de São Paulo, Luiz Lavorente,
ex-diretor de Operações da CPTM, e Nelson Scaglioni, ex-gerente de
manutenção do metrô paulista. Scaglioni, diz o depoente, “está na folha
de pagamento da MGE há dez anos”. “Ele controla diversas licitações como
os lucrativos contratos de reforma dos motores de tração do Metrô, onde
a MGE deita e rola”. O encarregado de receber o dinheiro da propina em
mãos e repassar às autoridades era Lavorente. “O mesmo dizia que (os
valores) eram repassados integralmente a políticos do PSDB” de São Paulo
e a partidos aliados. O modelo de operação feito pela Siemens por meio
da MGE Transportes se repetiu com outra empresa, a japonesa Mitsui,
segundo relato do funcionário da Siemens. Procurados por ISTOÉ,
Moriyama, Freyze, Tambelli, Lavorente e Scaglioni não foram encontrados.
A MGE, por sua vez, se nega a comentar as denúncias e disse que está
colaborando com as investigações. Além de subcontratar empresas para
simular serviços e servir de ponte para o desvio de dinheiro público, o
esquema que distribuiu propina durante os governos do PSDB em São Paulo
fluía a partir de operações internacionais. Nessa outra vertente do
esquema, para chegar às mãos dos políticos e servidores públicos, a
propina circulava em contas de pessoas físicas e jurídicas em paraísos
fiscais. Uma dessas transações contou, de acordo com o depoimento do
ex-funcionário da Siemens, com a participação dos lobistas Arthur
Teixeira e Sérgio Teixeira, através de suas respectivas empresas Procint
E Constech e de suas offshores no Uruguai, Leraway Consulting S/A e
Gantown Consulting S/A. Neste caso específico, segundo o denunciante, a
propina foi paga porque a Siemens, em parceria com a Alstom, uma das
integrantes do cartel denunciado ao Cade, ganhou a licitação para
implementação da linha G da CPTM. O acordo incluía uma comissão de 5%
para os lobistas, segundo contrato ao qual ISTOÉ teve acesso com
exclusividade, e de 7,5% a políticos do PSDB e a diretores da área de
transportes sobre trilho. “A Siemens AG (Alemanha) e a Siemens Limitada
(Brasil) assinaram um contrato com (as offshores) a Leraway e com a
Gantown para o pagamento da comissão”, afirma o delator. As reuniões,
acrescentou ele, para discutir a distribuição da propina eram feitas em
badaladas casas noturnas da capital paulista. Teriam participado da
formação do cartel as empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e
Mitsui. Coube ao diretor da Mitsui, Masao Suzuki, guardar o documento
que estabelecia o escopo de fornecimento e os preços a serem praticados
por empresa na licitação. Os depoimentos obtidos por ISTOÉ vão além das
investigações sobre o caso iniciadas há cinco anos no Exterior. Em 2008,
promotores da Alemanha, França e Suíça, após prender e bloquear contas
de executivos do grupo Siemens e da francesa Alstom por suspeita de
corrupção, descobriram que as empresas mantinham uma prática de pagar
propinas a servidores públicos em cerca de 30 países. Entre eles, o
Brasil. Um dos nomes próximos aos tucanos que apareceram na investigação
dos promotores foi o de Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado (TCE) nomeado pelo então governador tucano Mário Covas.
No período em que as propinas teriam sido negociadas, Marinho
trabalhava diretamente com Covas. Proprietário de uma ilha paradisíaca
na região de Paraty, no Rio de Janeiro, Marinho foi prefeito de São José
dos Campos, ocupou a coordenação da campanha eleitoral de Covas em 1994
e foi chefe da Casa Civil do governo do Estado de 1995 a abril de 1997.
Numa colaboração entre promotores de São Paulo e da Suíça, eles
identificaram uma conta bancária pertencente a Marinho que teria sido
abastecida pela francesa Alstom. O MP bloqueou cerca de US$ 1 milhão
depositado. Marinho é até hoje alvo do MP de São Paulo. Procurado, ele
não respondeu ao contato de ISTOÉ. Mas, desde que estourou o escândalo,
ele, que era conhecido como “o homem da cozinha” – por sua proximidade
com Covas –, tem negado a sua participação em negociatas que
beneficiaram a Alstom. Entre as revelações feitas pela Siemens ao Cade
em troca de imunidade está a de que ela e outras gigantes do setor, como
a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa
Mitsui, reuniram-se durante anos para manipular por meios escusos o
resultado de contratos na área de transporte sobre trilhos. Entre as
licitações envolvidas sob a gestão do PSDB estão a fase 1 da Linha 5 do
Metrô de São Paulo, as concorrências para a manutenção dos trens das
Séries 2.000, 3.000 e 2.100 da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) e a extensão da Linha 2 do metrô de São Paulo.
Também ocorreram irregularidades no Projeto Boa Viagem da CPTM para
reforma, modernização e serviço de manutenção de trens, além de
concorrências para aquisição de carros de trens pela CPTM, com previsão
de desenvolvimento de sistemas, treinamento de pessoal, apoio técnico e
serviços complementares. Com a formação do cartel, as empresas
combinavam preços e condicionavam a derrota de um grupo delas à vitória
em outra licitação também superfaturada. Outra estratégia comum era o
compromisso de que aquela que ganhasse o certame previamente acertado
subcontratasse outra derrotada. Tamanha era a desfaçatez dos negócios
que os acordos por diversas vezes foram celebrados em reuniões nos
escritórios das empresas e referendados por correspondência eletrônica.
No início do mês, a Superintendência-Geral do Cade realizou busca e
apreensão nas sedes das companhias delatadas. A Operação Linha Cruzada
da Polícia Federal executou mandados judiciais em diversas cidades em
São Paulo e Brasília. Apenas em um local visitado, agentes da PF ficaram
mais de 18 horas coletando documentos. Ao abrir o esquema, a Siemens
assinou um acordo de leniência, que pode garantir à companhia e a seus
executivos isenção caso o cartel seja confirmado e condenado. A
imunidade administrativa e criminal integral é assegurada quando um
participante do esquema denuncia o cartel, suspende a prática e coopera
com as investigações. Em caso de condenação, o cartel está sujeito à
multa que pode chegar a até 20% do faturamento bruto. O acordo entre a
Siemens e o Cade vem sendo negociado desde maio de 2012. Desde então, o
órgão exige que a multinacional alemã coopere fornecendo detalhes sobre a
manipulação de preços em licitações. Só em contratos com os governos
comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do
cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$
12,6 bilhões. “Os tucanos têm a sensação de impunidade permanente.
Estamos denunciando esse caso há décadas. Entrarei com um processo de
improbidade por omissão contra o governador Geraldo Alckmin”, diz o
deputado estadual do PT João Paulo Rillo. Raras vezes um esquema de
corrupção atravessou incólume por tantos governos seguidos de um mesmo
partido numa das principais capitais do País, mesmo com réus confessos –
no caso, funcionários de uma das empresas participantes da tramoia, a
Siemens –, e com a existência de depoimentos contundentes no Brasil e no
Exterior que resultaram em pelo menos 15 processos no Ministério
Público. Agora, espera-se uma apuração profunda sobre a teia de
corrupção montada pelos governos do PSDB em São Paulo. No Palácio dos
Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin disse que espera rigor nas
investigações e cobrará o dinheiro que tenha sido desviado dos cofres
públicos.
Diego Beunizam é petista , fato!
ResponderExcluirNão que ele não tenha razão quanto às denúncias, mas nunca o vi fazer tamanha propaganda em relação às denuncias do pt!
Todos eles são podres. Morte por inanição à todos os políticos corruptos e Confisco de todos os bens seus e de familiares.
Mano, o tanto que o Pt apanha aqui na RET e vc vem dizer um absurdo desses ¬¬
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